domingo, 8 de outubro de 2017



Interpretar é uma ação da inteligência dirigida a algum tipo de artefato.
Textos escritos são artefatos, e sua interpretação não deixa de ser uma espécie de uso que o leitor faz, conforme seus próprios objetivos.
Todo artefato se abre à possibilidade de variadas interpretações.

sábado, 7 de outubro de 2017

As inscrições para o curso Interpretação, Natureza e Intencionalidade já estão pegando fogo mano!

Criei agorinha um grupo no Facebook para reunir o pessoal interessado e ir trocando experiências. 


Experiência é tudo pessoal! Não só a existência de experiência, mas a qualidade e o tipo de experiência. 

Ainda estou começando a começar a aprender a usar a internet para reunir as pessoas em experiências educacionais.  Certamente tem algumas pessoas interessadas no curso que conhecem este assunto muito melhor do que eu, e conto com a ajuda delas para avaliar e sugerir melhorias na proposta em geral. 

A experiência educa
John Dewey (o autor que eu estudo) diz mais: a experiência educa. 
Mas não é qualquer experiência, e sim a experiência de certo tipo. Por isso temos que contar com um critério para separar a experiência educativa da deseducativa. 
Separar a experiência que educa, da experiência caduca (hahahaha). 

Este critério se baseia em duas coisas: 
1. Continuidade - uma experiência é contínua em relação às anteriores, e prepara as seguintes. Se este fluxo leva ao crescimento, e amplia possibilidades, ela educa. 
2. Interação. Uma experiência une o subjetivo e o objetivo. Ela une o indivíduo com o mundo. Uma experiência sempre se faz em certa situação. Se a experiência liga sujeito e objeto numa relação harmônica, se promove a adaptação ativa, ela educa. 

Bora se educar todo mundo!

sexta-feira, 29 de setembro de 2017


Saudações prezado leitor

No dia 06 de novembro terá início mais uma edição do curso de extensão "Interpretação, natureza e intencionalidade. 
Esta edição será ministrada totalmente à distância. Tal formato permite que você siga o curso de qualquer lugar do mundo, se estiver ligado à internet. 
O conteúdo e materiais são muito semelhantes às edições anteriores, que ocorreram na modalidade presencial. Lições, exercícios e textos para leitura complementar estão esperando para serem explorados pelo público. 
O curso se destina a professores do ensino médio, estudantes de graduação e pós-graduação, especialmente das áreas das ciências humanas, educação e sociais aplicadas. Mas pode ter alguma relevância também de qualquer pessoa que se interesse pelo tema da interpretação e do significado. 
Destacamos a parceria com o Laboratório de Ensino de Filosofia - LEFIS, fundamental para nossa proposta. 

LEFIS


Fica aqui o convite a todas as pessoas interessadas. Basta se inscrever pelo e-mail que está no folder

Zé Claudio Matos

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Prezado leitor
Este Blog é o registro - medianamente informal - de uma busca por conhecimento. 
Esta busca teve início nas pesquisas em filosofia, lá pelo ano 2000, quando comecei a me aproximar das teorias evolutivas em filosofia. 
Dali, após terminar o doutorado, fui parar na Faculdade de Educação da UDESC, desempenhando o papel de professor de filosofia da educação: 
- Nunca tinha me preparado adequadamente para isso, queria estudar teoria do conhecimento e filosofia da ciência, veja só... 
Encontrei na FAED espaço para fazer duas coisas interessantes e produtivas, que trouxeram minha vida até este blog e a este exato minuto: 
A primeira foi me interessar pela obra do filósofo norteamericano John Dewey (1859-1916). Um darwininano, evolucionista, naturalista, assim como eu esperava ser. E também um humanista, educador, grande erudito, liberal radical, defensor da democracia, o que vim a descobrir depois. De John Dewey, foi fácil extrapolar minha pesquisa para os campos da filosofia da mente, numa ponte pavimentada pelo pensador Daniel Dennett, que eu já conhecia e admirava, tanto pela forma simpática de escrever, quanto pelas teorias que relacionavam a seleção natural, os modelos artificias da inteligência e da consciência, e uma descrição da mente humana completamente destituída do chatíssimo romantismo de um "eu" substancial. 
A segunda foi um velho hábito de levar muito a sério a leitura como uma forma de 'explicação' do texto. As ideias de que 'texto é tecido', de que o texto possui uma 'ordem de razões' a ser mostrada e apropriada pelo leitor, vieram comigo desde os tempos da graduação, graças a professores que tive na faculdade. E sempre acreditei firmemente que esta forma de ler atentamente, e de reagir à leitura explicando e discutindo o sentido do texto, pelas razões e movimentos do próprio texto, era uma força, uma habilidade, um poder, e que era minha missão mostrar isso às pessoas. Sempre acreditei de verdade que uma das missões de um professor de filosofia é a de praticar a leitura argumentativa e a análise das razões de um texto, junto com seu público. Para isso não importa o tipo de texto, sua idade, seu assunto, seu autor, suas circunstâncias de produção. 
- O texto se basta. É o que diziam estes tais professores. Eu acreditei e repeti. 
Da pesquisa orientada pela leitura de Dewey e dos outros interlocutores em torno dele, que encontrei ou eu mesmo lá  coloquei, e da 'missão' de reensinar as pessoas a ler, se formou um percurso de estudos e um trabalho de extensão. 
A extensão rendeu uma deliciosa atividade de que me orgulho mais pelo que ela fez discretamente, a uma e outra pessoa que ali esteve, do que pela fama. Esta é a Oficina de Leitura e Interpretação de Textos. 
Agora, depois de 10 anos estudando Dewey, e 10 anos de Oficina de Leitura (sem contar o um ano em que ela funcionou informalmente), começo a registrar esta vida aqui. Muito para mim, um pouco para ti. 
Este Blog é suporte de um curso que ando montando. Montando sempre, como tudo o que evolui e vive e luta para crescer. Mas já ministrei este curso mais de cinco vezes nestes últimos anos: a primeira vez na sala do LEFIS, era maio de 2009, e minha filha tinha 12 dias de idade. Ministrei por dois meses para um maravilhoso grupo de professores da Prefeitura de São José em 2012. Ministrei em 2014 no LEFIS novamente, e sai imensamente beneficiado do quanto aprendi com os participantes. E agora em 2017, no primeiro semestre, tive a honra de ter entre os participantes, minha mãe, e algumas maravilhas alunas do curso de Pedagogia da FAED, que me honraram com suas contribuições. A outra vez foi dezembro de 2016, em apenas um dia, numa versão condensada, em Guarapuava, no Paraná, a convite do meu irmão Evandro. 

Hoje estou ensinando no mestrado em Gestão da Informação. Oriento pesquisas que envolvem a biblioteca escolar, o livro raro, a noção instigante de confiabilidade informacional. Estudo atualmente algo que batizei de 'Fundamentos filosóficos de uma teoria evolutiva da informação e da cultura', e me esforço para provar que tal coisa existe e é relevante. A informação como conceito, como problema, como coisa real ou virtual, entrou no mapa de tantas reflexões. Como uma 'deusa da bagunça' ela mudo tudo de lugar. Comportamento informacional, dinâmica informacional, tecnologia da informação, ética da informação. Informação e linguagens, informação e mente, informação e evolução. Estes são signos que chamam hoje minha atenção e com os quais espero ir montando alguma coisa, aqui e lá fora. 
Então, leitor querido, aqui falo de filosofia, mas espero ir juntando as partes de um enigma, de um quebra-cabeças, de fragmentos de ideias, de leituras, de dúvidas férteis, de palpites. E tudo isso se reúne, não sem uma certa dose de astúcia, de maquiavelismo, de estratégia, sob o rótulo de "Interpretação, Informação e intencionalidade". 

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Intepretação, Natureza e Intencionalidade

Resumo e objetivo
Com base em uma pedagogia fundada na comunicação e no pensamento reflexivo, este curso oferece uma proposta de fundamentação para a prática educativa, baseado em atividades de interpretação de textos e demais artefatos que constituem nosso meio cultural. Além de uma revisão dos fundamentos teóricos, são apresentadas metodologias de caráter prático, oficinas e dinâmicas, cujo objetivo é desenvolver nos estudantes o controle intelectual e os hábitos relacionados ao pensamento crítico e ao uso inteligente e bem sucedido dos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Apresentação
Um dos pilares epistemológicos da construção (individual e social) do conhecimento nas ciências e na vida cotidiana é o raciocínio conhecido como interpretação. Ela pode ser definida como a atribuição de significado a estruturas simbólicas, artefatos e condutas de alguém, com base em uma suposição de crenças, objetivos e valores envolvidos num certo contexto ou situação. Assim é que são interpretados objetos de arte, máquinas, ferramentas e demais utensílios, atitudes e gestos, e particularmente textos escritos.
Toma-se aqui como base as ideias de autores da filosofia, da educação, das ciências humanas e das modernas ciências cognitivas. A partir delas este curso fornece elementos para práticas no ensino, que fortaleçam o desenvolvimento de conhecimentos específicos e da atitude investigativa a partir de exercícios de interpretação.

Fundamentos
A comunicação no espaço educacional é mostrada aqui como uma ação coordenada dos sujeitos envolvidos, por meio de crenças e significados compartilhados. É a comunicação que dá sentido ao meio social onde o sucesso da educação é possível.
O pensamento reflexivo é entendido como a capacidade de relacionar ideias e suas justificativas, de forma a solucionar os problemas teóricos e práticos que o sujeito formula. A Orientação Curricular do Estado de Santa Catarina afirma: “A unidade entre pensamento e ação está na base da capacidade humana de produzir sua existência. É na atividade orientada pela mediação entre pensamento e ação que se produzem as mais diversas práticas que compõem a produção de nossa vida material e imaterial: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura” (ESC, 2011, p. 11).  É justamente esta compreensão da educação que está em pauta quando se propõe desenvolver instrumentais focados no raciocínio interpretativo, que não só compreende os textos, artefatos e situações, como relaciona seu significado com a experiência dos sujeitos envolvidos.
Assim sendo, estes três conceitos: interpretação, comunicação e pensar reflexivo, formam uma articulação inseparável. Esta articulação é o instrumento pelo qual o ensino das Humanidades pode ser estimulado a atingir cada vez mais plenamente os seus objetivos, em conformidade com a proposta curricular.

Metodologia
Como se trata de um curso dirigido a profissionais da educação, e ainda, especialistas em seus próprios domínios específicos, sua diretriz metodológica envolve naturalmente tirar o maior proveito dos conhecimentos e experiências do público envolvido, na direção dos objetivos da atividade.
Assim sendo, o método envolve a apresentação dos conceitos principais, e discussão a partir das fontes teóricas. Mas, principalmente, um foco especial nas atividades práticas, exercícios e dinâmicas, que permitam ao público relacionar a reflexão teórica, com as adaptações e mudanças que a apropriação destas teorias permite realizar no processo pedagógico conduzido por eles em sua atuação profissional.
Especialmente, os exercícios de leitura e interpretação em grupo, de textos, obras de arte, mapas e demais documentos e artefatos, selecionados pelos próprios participantes do curso. E a partir deles, a reflexão sobre como estes exercícios podem ser inseridos no cotidiano escolar, a fim de conduzir ao sucesso dos processos pedagógicos relacionados ao conteúdo curricular, e à integração dos saberes.

Resultados esperados
1.      Ampliação do leque de instrumentais e de técnicas para o ensino dos conteúdos curriculares, sob a perspectiva da formação da pessoa reflexiva.
2.      Atualização dos profissionais de educação em relação a pesquisas e discussões relacionadas com os fundamentos da educação e a teoria pedagógica.
3.      Maior envolvimento dos alunos da educação básica com os conteúdos curriculares, e possibilidade de sua apropriação para uma conduta autônoma e inteligente nos seus ambientes sociais.
4.      Produção de relatório avaliando a experiência do curso, com vistas a dar visibilidade e a aperfeiçoar a proposta.

Bibliografia
DENNETT, Daniel. “The interpretation of texts, people and other artifacts”. Philosophy and phenomenological research. International phenomenological society. Vol. 50, Supplement, Fall. 1990. Pp. 177-194.
MATOS, José Claudio. “Educação Como Adaptação: A experiência segundo John Dewey”. In: Filosofia e Educação. Paideia. Vol. 3, n. 2. 2010, p. 481-501.
_____________________. Interpretação Filosófica de Textos – Manual Didático. Florianópolis: UDESC. 2011.
     _____________________. “A interpretação de textos na formação da pessoa reflexiva”. (Comunicação Oral. Congresso Latinoamericano de Filosofia da Educação. Campinas. 2011.