terça-feira, 29 de agosto de 2017

Intepretação, Natureza e Intencionalidade

Resumo e objetivo
Com base em uma pedagogia fundada na comunicação e no pensamento reflexivo, este curso oferece uma proposta de fundamentação para a prática educativa, baseado em atividades de interpretação de textos e demais artefatos que constituem nosso meio cultural. Além de uma revisão dos fundamentos teóricos, são apresentadas metodologias de caráter prático, oficinas e dinâmicas, cujo objetivo é desenvolver nos estudantes o controle intelectual e os hábitos relacionados ao pensamento crítico e ao uso inteligente e bem sucedido dos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Apresentação
Um dos pilares epistemológicos da construção (individual e social) do conhecimento nas ciências e na vida cotidiana é o raciocínio conhecido como interpretação. Ela pode ser definida como a atribuição de significado a estruturas simbólicas, artefatos e condutas de alguém, com base em uma suposição de crenças, objetivos e valores envolvidos num certo contexto ou situação. Assim é que são interpretados objetos de arte, máquinas, ferramentas e demais utensílios, atitudes e gestos, e particularmente textos escritos.
Toma-se aqui como base as ideias de autores da filosofia, da educação, das ciências humanas e das modernas ciências cognitivas. A partir delas este curso fornece elementos para práticas no ensino, que fortaleçam o desenvolvimento de conhecimentos específicos e da atitude investigativa a partir de exercícios de interpretação.

Fundamentos
A comunicação no espaço educacional é mostrada aqui como uma ação coordenada dos sujeitos envolvidos, por meio de crenças e significados compartilhados. É a comunicação que dá sentido ao meio social onde o sucesso da educação é possível.
O pensamento reflexivo é entendido como a capacidade de relacionar ideias e suas justificativas, de forma a solucionar os problemas teóricos e práticos que o sujeito formula. A Orientação Curricular do Estado de Santa Catarina afirma: “A unidade entre pensamento e ação está na base da capacidade humana de produzir sua existência. É na atividade orientada pela mediação entre pensamento e ação que se produzem as mais diversas práticas que compõem a produção de nossa vida material e imaterial: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura” (ESC, 2011, p. 11).  É justamente esta compreensão da educação que está em pauta quando se propõe desenvolver instrumentais focados no raciocínio interpretativo, que não só compreende os textos, artefatos e situações, como relaciona seu significado com a experiência dos sujeitos envolvidos.
Assim sendo, estes três conceitos: interpretação, comunicação e pensar reflexivo, formam uma articulação inseparável. Esta articulação é o instrumento pelo qual o ensino das Humanidades pode ser estimulado a atingir cada vez mais plenamente os seus objetivos, em conformidade com a proposta curricular.

Metodologia
Como se trata de um curso dirigido a profissionais da educação, e ainda, especialistas em seus próprios domínios específicos, sua diretriz metodológica envolve naturalmente tirar o maior proveito dos conhecimentos e experiências do público envolvido, na direção dos objetivos da atividade.
Assim sendo, o método envolve a apresentação dos conceitos principais, e discussão a partir das fontes teóricas. Mas, principalmente, um foco especial nas atividades práticas, exercícios e dinâmicas, que permitam ao público relacionar a reflexão teórica, com as adaptações e mudanças que a apropriação destas teorias permite realizar no processo pedagógico conduzido por eles em sua atuação profissional.
Especialmente, os exercícios de leitura e interpretação em grupo, de textos, obras de arte, mapas e demais documentos e artefatos, selecionados pelos próprios participantes do curso. E a partir deles, a reflexão sobre como estes exercícios podem ser inseridos no cotidiano escolar, a fim de conduzir ao sucesso dos processos pedagógicos relacionados ao conteúdo curricular, e à integração dos saberes.

Resultados esperados
1.      Ampliação do leque de instrumentais e de técnicas para o ensino dos conteúdos curriculares, sob a perspectiva da formação da pessoa reflexiva.
2.      Atualização dos profissionais de educação em relação a pesquisas e discussões relacionadas com os fundamentos da educação e a teoria pedagógica.
3.      Maior envolvimento dos alunos da educação básica com os conteúdos curriculares, e possibilidade de sua apropriação para uma conduta autônoma e inteligente nos seus ambientes sociais.
4.      Produção de relatório avaliando a experiência do curso, com vistas a dar visibilidade e a aperfeiçoar a proposta.

Bibliografia
DENNETT, Daniel. “The interpretation of texts, people and other artifacts”. Philosophy and phenomenological research. International phenomenological society. Vol. 50, Supplement, Fall. 1990. Pp. 177-194.
MATOS, José Claudio. “Educação Como Adaptação: A experiência segundo John Dewey”. In: Filosofia e Educação. Paideia. Vol. 3, n. 2. 2010, p. 481-501.
_____________________. Interpretação Filosófica de Textos – Manual Didático. Florianópolis: UDESC. 2011.
     _____________________. “A interpretação de textos na formação da pessoa reflexiva”. (Comunicação Oral. Congresso Latinoamericano de Filosofia da Educação. Campinas. 2011.