quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Prezado leitor
Este Blog é o registro - medianamente informal - de uma busca por conhecimento. 
Esta busca teve início nas pesquisas em filosofia, lá pelo ano 2000, quando comecei a me aproximar das teorias evolutivas em filosofia. 
Dali, após terminar o doutorado, fui parar na Faculdade de Educação da UDESC, desempenhando o papel de professor de filosofia da educação: 
- Nunca tinha me preparado adequadamente para isso, queria estudar teoria do conhecimento e filosofia da ciência, veja só... 
Encontrei na FAED espaço para fazer duas coisas interessantes e produtivas, que trouxeram minha vida até este blog e a este exato minuto: 
A primeira foi me interessar pela obra do filósofo norteamericano John Dewey (1859-1916). Um darwininano, evolucionista, naturalista, assim como eu esperava ser. E também um humanista, educador, grande erudito, liberal radical, defensor da democracia, o que vim a descobrir depois. De John Dewey, foi fácil extrapolar minha pesquisa para os campos da filosofia da mente, numa ponte pavimentada pelo pensador Daniel Dennett, que eu já conhecia e admirava, tanto pela forma simpática de escrever, quanto pelas teorias que relacionavam a seleção natural, os modelos artificias da inteligência e da consciência, e uma descrição da mente humana completamente destituída do chatíssimo romantismo de um "eu" substancial. 
A segunda foi um velho hábito de levar muito a sério a leitura como uma forma de 'explicação' do texto. As ideias de que 'texto é tecido', de que o texto possui uma 'ordem de razões' a ser mostrada e apropriada pelo leitor, vieram comigo desde os tempos da graduação, graças a professores que tive na faculdade. E sempre acreditei firmemente que esta forma de ler atentamente, e de reagir à leitura explicando e discutindo o sentido do texto, pelas razões e movimentos do próprio texto, era uma força, uma habilidade, um poder, e que era minha missão mostrar isso às pessoas. Sempre acreditei de verdade que uma das missões de um professor de filosofia é a de praticar a leitura argumentativa e a análise das razões de um texto, junto com seu público. Para isso não importa o tipo de texto, sua idade, seu assunto, seu autor, suas circunstâncias de produção. 
- O texto se basta. É o que diziam estes tais professores. Eu acreditei e repeti. 
Da pesquisa orientada pela leitura de Dewey e dos outros interlocutores em torno dele, que encontrei ou eu mesmo lá  coloquei, e da 'missão' de reensinar as pessoas a ler, se formou um percurso de estudos e um trabalho de extensão. 
A extensão rendeu uma deliciosa atividade de que me orgulho mais pelo que ela fez discretamente, a uma e outra pessoa que ali esteve, do que pela fama. Esta é a Oficina de Leitura e Interpretação de Textos. 
Agora, depois de 10 anos estudando Dewey, e 10 anos de Oficina de Leitura (sem contar o um ano em que ela funcionou informalmente), começo a registrar esta vida aqui. Muito para mim, um pouco para ti. 
Este Blog é suporte de um curso que ando montando. Montando sempre, como tudo o que evolui e vive e luta para crescer. Mas já ministrei este curso mais de cinco vezes nestes últimos anos: a primeira vez na sala do LEFIS, era maio de 2009, e minha filha tinha 12 dias de idade. Ministrei por dois meses para um maravilhoso grupo de professores da Prefeitura de São José em 2012. Ministrei em 2014 no LEFIS novamente, e sai imensamente beneficiado do quanto aprendi com os participantes. E agora em 2017, no primeiro semestre, tive a honra de ter entre os participantes, minha mãe, e algumas maravilhas alunas do curso de Pedagogia da FAED, que me honraram com suas contribuições. A outra vez foi dezembro de 2016, em apenas um dia, numa versão condensada, em Guarapuava, no Paraná, a convite do meu irmão Evandro. 

Hoje estou ensinando no mestrado em Gestão da Informação. Oriento pesquisas que envolvem a biblioteca escolar, o livro raro, a noção instigante de confiabilidade informacional. Estudo atualmente algo que batizei de 'Fundamentos filosóficos de uma teoria evolutiva da informação e da cultura', e me esforço para provar que tal coisa existe e é relevante. A informação como conceito, como problema, como coisa real ou virtual, entrou no mapa de tantas reflexões. Como uma 'deusa da bagunça' ela mudo tudo de lugar. Comportamento informacional, dinâmica informacional, tecnologia da informação, ética da informação. Informação e linguagens, informação e mente, informação e evolução. Estes são signos que chamam hoje minha atenção e com os quais espero ir montando alguma coisa, aqui e lá fora. 
Então, leitor querido, aqui falo de filosofia, mas espero ir juntando as partes de um enigma, de um quebra-cabeças, de fragmentos de ideias, de leituras, de dúvidas férteis, de palpites. E tudo isso se reúne, não sem uma certa dose de astúcia, de maquiavelismo, de estratégia, sob o rótulo de "Interpretação, Informação e intencionalidade". 

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